e o Lobo Ibérico
O Serra da Estrela
Quem tem medo dele?
Pintado nas fábulas do imaginário popular com cores inquietantes e assustadoras, qual criatura feroz e perigosa para os humanos, o lobo tem sido, ao longo dos séculos, e ainda hoje, incompreendido e injustiçado, perseguido e morto, quase levado à extinção. Mas este animal misterioso, de olhar intenso, é um ser tímido, que evita aproximar-se de pessoas, que vive em alcateia, resguardado, afastado de povoações, das quais só se aproxima quando a forma aperta e a falta de presas selvagens o faz procurar os rebanhos.
Foi nesse contexto que entrou nesta equação, em tempos remotos, o Cão da Serra da Estrela como o protector de que o pastor precisava para evitar e reprimir os ataques dos lobos. Ao longo de séculos, uns e outros defrontaram-se e ainda hoje o fazem. Pela intervenção do Serra da Estrela, que reduz significativamente as perdas sofridas nos rebanhos, o Lobo Ibérico começou, nas últimas décadas, a ser encarado de outra forma, até com algum respeito, por pastores - embora muitos destes animais continuem a cair em armadilhas e a morrer de forma cruel por acção dos que não querem compreender que ele é um carnívoro que luta pela sobrevivência. E que, para manter o seu gado seguro, qualquer pastor deve adquirir cães de protecção.
A conservação do Cão da Serra da Estrela da variedade de pêlo curto deve-se principalmente à sua utilização nessa função. E se a raça tem ajudado a evitar a extinção do Lobo Ibérico, o inverso também é real.
Estórias infantis e a ficção de terror fizeram deste belo, enigmático, admirável animal o "mau da fita", fama que ainda hoje perdura, de forma irracional e injusta. Desafiamo-vos a irem conhecê-lo, se bem que ao longe, no Centro de Recuperação do Lobo Ibérico, junto a Mafra, criado, gerido e conservado pela associação Grupo Lobo, que tanto tem feito pela conservação deste grande carnívoro mas também pela do Cão da Serra da Estrela e de outras raças caninas portuguesas de protecção de gado.