“Tenho um cão que me foi oferecido como sendo um Cão da Serra da Estrela, mas não tem registo. Gostava de saber se ele é puro e se é possível registá-lo”

Cada raça reconhecida tem um estalão, que é um documento descrevendo as características ideais que um exemplar de uma dada raça deve possuir e quais os defeitos que não deverá apresentar. No caso do Cão da Serra da Estrela, o estalão pode ser consultado por exemplo no Clube Português de Canicultura (C.P.C.), na Federação Cinológica Internacional ou na APCSE.
Quando estamos face a um cão não registado, mas que se crê pertencer a uma dada raça, é com base no estalão que são confrontadas as suas características. Se com base neste se pensar que se tem efectivamente um animal de raça, se ele pertencer a uma raça portuguesa, pode submeter-se o exemplar a exame de admissão ao Registo Inicial. O Registo Inicial (R.I.) é um livro de registo auxiliar, destinado a fomentar o desenvolvimento das raças caninas, permitindo conservar a sua pureza até à admissão no Livro de Origens Português. Para admissão ao R.I. de um cão não registado, logo com ascendência oficialmente desconhecida, é necessário que o indivíduo seja examinado por dois juizes da raça, indicados pelo C.P.C., que o deverão julgar em condições de serem admitidos por apresentarem qualidades étnicas bem definidas. Este exame pode normalmente ser realizado a partir dos 12 meses de idade do exemplar, que deve estar devidamente identificado (microchipado). O exame deve ser solicitado ao C.P.C. Em muitas situações, é costume aproveitar-se a realização de uma exposição canina, pela maior facilidade em aí encontrar ao mesmo tempo 2 juízes da raça e por, em alguma altura do ano, haver normalmente um destes eventos relativamente perto de praticamente toda a população.
Apesar de a valorização do exemplar em si pela admissão ao R.I. ser algo relativa (afinal, o animal em si não se altera ao ter um certificado a dizer que pertence a uma dada raça), a nível geral da raça há um grande interesse. Ao ter-se um exemplar registado, torna-se mais fácil conhecer o efectivo da população e o seu potencial contributo para a raça, a sua descendência e, a médio e longo prazo, conhecer o seu impacto na população. Adicionalmente, ao ter-se pedigrees o mais completos possível poder-se-á, em estudos efectuados em conjunção com outras fontes de conhecimento, tentar avaliar por exemplo o modo de hereditariedade de diferentes factores.

 

Dra. Carla Cruz